Tuesday, September 27

« Era preciso uma biografia determinada para olhar assim. Chamava-lhe o olhar dos cem passos. Há seres humanos, dizia, que dão cem passos para lá dos restantes, e que nunca mais regressam. Depois entram nos bares, nos restaurantes e nos autocarros e quase ninguém repara nisso. Que absurdo, não é verdade? Deveríamos todos trazer a nossa biografia na cara, como uma folha de serviço. Alguns trazem-na, claro. Deixa-me olhar para ti. Tu trazes. Mas nem sempre os outros a sabem ler. As pessoas cruzam-se com eles e não se dão conta. Talvez porque agora ninguém se olha realmente. Nos olhos. »
A.P-R.

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