três homens a dizer adeus
dois gatos ao luar
um barco virado






suspensa contra o tempo

tão longos os dias breves quando nos imaginamos em imagens felizes.

fico suspensa a pensar numa resposta para um quadro antigo caindo em mim quando me aproximo do pitoresco,; são palavras amareladas, cor das paginas que têm historia. Mesmo assim quando me fixo, sinto que as reticências estão lá e que o inacabado não pode ficar a meio de um entendimento: solução temporária da minha lógica:, dar continuidade  ao que ficou por soletrar. baixinho ou com ruído, dizer. é quase como remediar o que falta. dou por mim a convencer a lucidez: tempo mais tarde relido é remediado pela nossa fisionomia. expresso-me dentro da nossa cabeça, dizemo-nos, pensamo-nos, conversamos (...)

mas os paragrafos são tão invisiveis como a falta de atenção à tua tinta preta. retratos gastos mas que por estes dias provocam a ilusão de que ainda aqui estás, ai desse lado, presente neste instante à procura de uma resposta. a divigar o tempo não passa, estou aqui e ali sem perceber como é que as horas fogem, e de tão longe, aqui, retidas em imagens. agrada-me que sobressaia uma cor no preto e branco.

Leio-te as palavras como se estivesse a ler um livro. Um dos meus, dos que andam a desertar das prateleiras sem deixar de se ver amontoados por mais dois ou três que se preparam para serem reabertos com um acordo da minha  atenção. olhas de fora, respondo-te por dentro - as inquietações interiores não são expostas a qualquer instante, não te vejo numa rua fácil de se cruzarem os sentidos.

tenho o pretexto de me perder em ti. não estou longe embora se fabriquem boatos ao preço da fruta. vou-te revistando, devagar, numa vertigem e a paisagem são molduras que vivemos sem saber. de outro tempo, outros ruídos da mesma expressão.

é uma prática difícil interpretar-te as letras depois de uma deslocação nas nossas vírgulas, polos atravessados pelo reforço de um  consumo neutro das noites em aberto. um envelope aberto sem carta. continuo a perder-me algures na tua presença distante.

perdes-te também?