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Aproveitando a vitória antecipada dos encarnados e a visita do Papa que anda a sugar o sangue dos Portugueses é caso para alertar que mais uma vez estão a deitar-nos cinza para os olhos.

O povinho quer cegar, a imprensa quer causar ruído e o Governo calar-nos a todos. São poeiras como as t-shirts de Sua Santidade à venda ou pós como o país todo em festa com a desculpa das comemorações sobrepostas que vos vão encadeando. E amanhã?

As cervejas deixam de ser ao preço da chuva e as Semanas Académicas perdem o efeito sobre aqueles que anseiam ressacar ou recomeçar com as inconstâncias à luz de dia.

Aos cachecóis acrescentam-se mais duas pinceladas nacionalistas, os consumistas jogam na bolsa dos festivais e os bilhetes esgotam num atentado à Economia. É um quadro bonito para a Capital da Cultura, visto de fora. Ironicamente o vento não chega para sacudir as areias da vista de ninguém - e por ninguém sublinhe-se metade da percentagem populacional.

Entreter o povo é um veneno eficaz: encerram estradas, escolas públicas e as privadas são levadas com a maré; perturbam os horários, entopem os transportes e arranjam motivos para visitas de estudo. Vendem os símbolos da nação do turista ao português menos dispendioso e o Continente continua em alerta amarelo na Zona Euro.

Salazar morreu e Portugal não é nenhum navio fantasma portanto vamos lá soltar a âncora e resolver o que ficou para trás desta Fantasia Lusitana. "O que é nacional é bom" - içem e bandeira e conquistam os problemas como grandes navegadores que somos e depois sim, festejemos as colónias independentes pelas praças com o nosso exército patriota.

O prémio? As ruas limpas e um passaporte para o Meco orientado pela Rosa-dos-Ventos. Quem esfregar os olhos primeiro ganha.