: tide lava mais branco rádio clube português eram 5 da tarde são dezessete horas dizia o locutor e fazia-se o silêncio do vento que de repente pára ao entardecer, e o meu nome na voz da tia Carlota surgia desse vento, e o canto do melro surgia desse vento, nesse vento, nesse verão, e eu imóvel no degrau com medo do ranger da escada arqueada pelos passos do meu pai, e tudo recomeçava, e depois uma espécie de calor. E agora continuamente se intrometia nesta tarde como se a tarde lhe pertencesse, como se eu fosse sempre essa recordação, e acrescentou: estás a pensar, e eu gritei-lhe: não continues, e continuou a comer a bolacha, as migalhas caiam-lhe. Você continua aí?: perguntei-lhe, nem me voltei, nem poderia, há uma luz que me encadeia, não ouço nada, por isso sei que continua junto a mim, à distância de um braço, à espera como uma espécime humana paciente que alguém lhe dê um destino, eu, por exemplo, somos sempre o destino de alguém, embora isso não me console.
Deus obstinado, por que não abres a porta?, não é um judas, abre a porta, não abro enquanto não me lembrar do nome disto, é assim tão importante? é, é, sento-me no degrau, ouço repouso, o conforto assim conseguido, ouço a espera:
- e que mais?
E chamavas muitas vezes, (...)?,
Estava sempre a chamar-te,
Inventas,
Chamava-te para que batesses à porta e me chamasses.
Sei só desenho de tempo e compasso, respiro indústria, paz, e salubridade. A perder-me de ti porque sei que existes - a passo que te oiço abstractamente. Vou, portanto, na primeira pessoa do meu ser, lesma atrasada por uma viola latina que me segreda gemidos de um verão quentinho animado por uma festa que Hemingway só imaginou aqui, na lateral da minha imaginação.
Viv'á ressaca. E, eu digo, benditas são as familias mais a minha, eu é que não sou daqui, também não faz mal, hei-de saber, de certeza que sei mais que os meus sentidos, estes meus sentidos trouxas que se despertam e depois me atrapalham.
Deus obstinado, por que não abres a porta?, não é um judas, abre a porta, não abro enquanto não me lembrar do nome disto, é assim tão importante? é, é, sento-me no degrau, ouço repouso, o conforto assim conseguido, ouço a espera:
- e que mais?
E chamavas muitas vezes, (...)?,
Estava sempre a chamar-te,
Inventas,
Chamava-te para que batesses à porta e me chamasses.
Sei só desenho de tempo e compasso, respiro indústria, paz, e salubridade. A perder-me de ti porque sei que existes - a passo que te oiço abstractamente. Vou, portanto, na primeira pessoa do meu ser, lesma atrasada por uma viola latina que me segreda gemidos de um verão quentinho animado por uma festa que Hemingway só imaginou aqui, na lateral da minha imaginação.
Viv'á ressaca. E, eu digo, benditas são as familias mais a minha, eu é que não sou daqui, também não faz mal, hei-de saber, de certeza que sei mais que os meus sentidos, estes meus sentidos trouxas que se despertam e depois me atrapalham.
3 Teardrops:
So para te dizer que li todos os que me faltavam e gosto especialmente do do dia 13.
Que te dizer deste? Muito imaginativo e individualista. Bela prosa, mais uma vez "tu não és daqui"...
Logo que posso comento os outros.
Naturalmente bom, como sempre.
Tens uma escrita peculiar que me agrada muito e um grande poder de descrição.
Beijo*
flesh and bones. and flesh
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