Monday, July 17

Tempestade de areia

Estive a ler à minutos breves uma carta tua encontrada numa gaveta com cheiro a folhas amarelas. Algumas, ainda em branco pálido.
Engraçado, a maneira como tu a descreves. Aquele lugar único, que nos mantém longe, bem longe das crises existênciais. E a quem tu a descreves. Francamente não sei se ela iria compreender. É um cheiro que todos nós temos de sentir no interior. Mas está bonito... um areal deserto consegue sempre invocar memórias de dias, meses, anos passados. Passados. Aquilo já é um passado transformado num batel de memórias. Aquele nosso refúgio bem sabes. Ás vezes descaio-me no sonho de não partir mais daquele lugar... de viver para sempre em águas passadas. Prender-me à branca noiva do mar, à verdadeira noiva que nunca abandonaria o altar, e viver selvagem. Porque -sejamos sinceros- lutando, vivendo, conhecendo, proclamando, chorando, vencendo... a última sobra é aquela que todos os mortais temem.
E eu, tornando-me imortal, alimentando-me das raizes que ali nascem à beira-mar por entre dunas e areais, vou sobrando, sobrando... até já não ter medo de temer o que foi...
...e do que virá a seguir.

Escrever é também não falar. É calar-se. É gritar sem ruído.

- Marguerite Duras

4 Teardrops:

Anonymous Anonymous said...

Imortal é o nosso pensamento.

Beijo

1:32 PM, July 18, 2006  
Blogger sofyatzi said...

Obrigado pelo teu comentário no meu Pensamentos.
Adorei o teu blog. Voltarei mais vezes ;)

2:26 PM, July 18, 2006  
Blogger s said...

à medida que o tempo passa, que a espiral se aproxima do paraiso setembrista, as saudades apertam. Is that what you have to me?

7:10 PM, July 18, 2006  
Anonymous Anonymous said...

Tu escreves muito bem.

(mas podes amar mal...)

6:05 PM, July 22, 2006  

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