Mas já distante sou de quem vi partir
E de repente impaciento-me de esperar, de existir, de ser.
E acreditem, o cansaço antecipado é tão grande... e como dizia Pessoa "Não, não é cansaço... É uma quantidade de desilusão...". Mas desilusão de que? do mundo? dos sentidos? da vida? Não... Eu gosto da vida. Do que me rodeia. Do que me rodeou. E do que vai tornar a voltar. Talvez a desilusão das zangas, e dos cansaços e conflitos. Mas faz parte enfim. Do que sei eu sobre isto?
Que tarde serena...
Suave, todo o passado - o que foi aqui do recanto - me surge... A casa ao lado das tias, o desassossego das manhãs de domingo (ou finais de tarde depois da escola), o sossego de várias espécies, o ruido do melrro e dos risos aparentemente inocentes das crianças, e tudo bom e a horas, de um bem (e muitos outros) e de um passeio próprio ao fim da tarde, hoje, quase morto. Meu Deus, que fiz eu da vida?
Que tarde serena, etc. Lembro-me mas esqueço.
Mas nunca esqueci realmente. Passo, desvio, tapo os olhos com um pano branco mas não esqueço de lembrar. Isto de ser vadia e pedinte, como eu sou quando me concentro em albuns de memória, não é ser vadio e pedinte como é normal. Para completar, é ser isolado(a) na alma, é ter de pedir aos dias que passem, e nos deixem, e isso é que é ser pedinte. (E afinal sei lá eu o que estou a pedir)... Sei lá eu o que é pedir, quando pedir não tarda em ser o nosso maior instante.
Se eu pudesse dir-te-ia.:
Não partas (...)
E nenhum gesto a quebra
E nenhum som a rasga
E mata as palavras antes de as dizer
Se eu pudesse dir-me-ia.:
Não, partas
Mas já distante sou de quem vi partir
E acreditem, o cansaço antecipado é tão grande... e como dizia Pessoa "Não, não é cansaço... É uma quantidade de desilusão...". Mas desilusão de que? do mundo? dos sentidos? da vida? Não... Eu gosto da vida. Do que me rodeia. Do que me rodeou. E do que vai tornar a voltar. Talvez a desilusão das zangas, e dos cansaços e conflitos. Mas faz parte enfim. Do que sei eu sobre isto?
Que tarde serena...
Suave, todo o passado - o que foi aqui do recanto - me surge... A casa ao lado das tias, o desassossego das manhãs de domingo (ou finais de tarde depois da escola), o sossego de várias espécies, o ruido do melrro e dos risos aparentemente inocentes das crianças, e tudo bom e a horas, de um bem (e muitos outros) e de um passeio próprio ao fim da tarde, hoje, quase morto. Meu Deus, que fiz eu da vida?
Que tarde serena, etc. Lembro-me mas esqueço.
Mas nunca esqueci realmente. Passo, desvio, tapo os olhos com um pano branco mas não esqueço de lembrar. Isto de ser vadia e pedinte, como eu sou quando me concentro em albuns de memória, não é ser vadio e pedinte como é normal. Para completar, é ser isolado(a) na alma, é ter de pedir aos dias que passem, e nos deixem, e isso é que é ser pedinte. (E afinal sei lá eu o que estou a pedir)... Sei lá eu o que é pedir, quando pedir não tarda em ser o nosso maior instante.
Se eu pudesse dir-te-ia.:
Não partas (...)
E nenhum gesto a quebra
E nenhum som a rasga
E mata as palavras antes de as dizer
Se eu pudesse dir-me-ia.:
Não, partas
Mas já distante sou de quem vi partir
posted by Catharina at 8:18 PM
11 Teardrops:
não será também o desassossego de não saber viver esta vida que mutila, ou o saber que poderiamos vivê-la sempre tão melhor?
as vezes sou assim perdidamente imposta na retórica, que se não me completa só me dá outra vez com que aguentar. as vezes temos de ser todos pobres catarina, as vezes as coisas que se arrastam tornam-se..o que digo eu? sou tão tristemente romântica, e tu descreves-me sem pudor. e é porque acima de tudo nós amamos a vida, e parece sempre que somos as únicas a fazê-lo.
obrigada
Obrigada pela visita à Casa de Maio.
Gostei desta leitura. voltarei com mais tempo para ver o resto.
um abraço.
Irritas-me disfarçada nessa perfeição.
não sei bem como cheguei a este blog mas gostei de ter chegado assim, aqui.
o texto é muito bom! já escreveste tudo o resto.
parabéns por todo este espaço
Cheguei aqui pelo comentário que deixaste no Place, o qual agradeço, e deparei-me com um texto fantástico, onde consegui rever-me nas tuas palavras. Retenho "mas já distante sou de quem vi partir".
... que fiz eu da vida? Que faz a vida de nós? vivemos perdidos nos sentidos que tentamos encontrar na vida e quando damos por ela, eles partem e nós sem vontade e sem voz somos incapazes de gritar não partas...
:o)
Afastei-me um pouco, bem sei….
A vida tem destes imprevistos que magoam a alma…e estes são reais…não são poesia, nem ficção!
Deixo beijos azuis e um pedido de desculpas…
BlueShell
Wºwºwºwºwººwºwºwºwºwºwºwwºwºwºwºwºw
O0O0O0OO0OO0O0OO0O0O0O0O00O0
Momento de pausa para contemplação?
May we all become beggers, for beggers can't be choosers.
"Be this sunset soon forgotten
Your brothers left here shaved and crazy
We’ve learned to hide our bottles in the well
And what's worth keeping, sun still sinking
Down and down
Once again
Down and down
Gone again
(...) "
Iron and Wine *
POis é, há dias assim, em que recordamos todas as partidas que nos levaram a lugar nenhum, ou antes, que nos levaram a esse mar salgado que às vezes nos escorre pela face...
Por favor, não partas!
Gosto especialmente deste teu post. Quando se chega à minha idade, o cansaço de que falas aparece frequentemente - e de facto na maior parte das vezes "não é cansaço" mas sim uma "quantidade de desilusão". Há que dar a volta e seguir em frente.
"Ser isolado na alma" - lindo! Mas acredita, nunca estamos sós...
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